sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A POPULAÇÃO BRASILEIRA PODERÁ DECRESCER A PARTIR DE 2040 !

O Brasil vai ultrapassar a marca de 200 milhões de habitantes em 2015, mas a população brasileira vai começar a diminuir a partir da virada da década de 2030 para a de 2040. É o que mostra a mais recente revisão da Projeção da População, divulgada ontem pelo IBGE.
A reportagem é de Alexandre Rodrigues e Alexandre Gonçalves e publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 28-11-2008.
A última estimativa feita pelo instituto, em 2004, já previa um crescimento desacelerado da população, mas a perspectiva era de que os brasileiros somariam 260 milhões em 2050. Novos dados que indicaram queda maior na fecundidade, acentuados pela tendência de alta da expectativa de vida do brasileiro, levaram o IBGE a concluir agora que, em 42 anos, a população brasileira será de 215,2 milhões, já decrescendo.
O estudo inova ao indicar que a curva da evolução demográfica brasileira vai começar a cair a partir de 2039, quando o País atingirá o pico de 219.124.700 habitantes. Naquele ano acontecerá o que os demógrafos chamam de “crescimento zero”. A partir de 2040, esse número vai cair para 219.075.130, num sinal da superação dos nascimentos pelo número de mortes. A tendência declinante continua até 2050, quando seremos 215.287.463 brasileiros.
A queda da taxa de evolução demográfica que vai levar ao crescimento negativo da população é fruto da redução ainda mais acentuada do número de filhos por mulher. Em 2004, acreditava-se que a média ficaria em 1,85 por mulher em 2050. Mas dados mais recentes do IBGE indicaram que a taxa de fecundidade atual de 1,86 vai cair ainda mais e se estabilizar em 1,5 filho por mulher a partir de 2028.
Ubaldina Oliveira teve 11 irmãos, 3 filhas e, agora, só há uma criança na família: a neta Letícia. Ela avalia que a principal razão para a queda na taxa de natalidade são as exigências da profissão, especialmente sobre a mulher. Mas lamenta o envelhecimento da família. “Uma casa com crianças tem muito trabalho, mas também muita alegria”, afirma. “Nossos jovens de amanhã estão desaparecendo.”
O aumento da expectativa de vida e o conseqüente envelhecimento da população elevará a taxa de óbitos. O Brasil tem hoje 189,6 milhões de habitantes. Se a média do crescimento da população tivesse se mantido nos patamares da década de 1950, teríamos hoje 105 milhões de brasileiros a mais. Isso não aconteceu porque a taxa de crescimento, que vem caindo nas últimas décadas e atualmente está em torno de 1,21%, será de aproximadamente -0,25% em 2050.
Os dados projetam alterações significativas na pirâmide etária do Brasil, que se aproxima com velocidade do perfil dos países desenvolvidos (mais informações nesta página).
Outro fator que influencia a redução do ritmo de crescimento da população é o aprofundamento das taxas de mortalidade entre homens jovens. Em 2000, a chance de morte de um homem entre 20 e 24 anos era 4 vezes maior do que a de uma mulher na mesma faixa. Essa proporção pode ultrapassar 5,5 vezes.
Os números mostram a alta exposição desse grupo a causas fatais externas, como violência urbana e acidentes de trânsito. “Sem esse fato, a expectativa de vida do homem brasileiro poderia ser de 2 ou 3 anos a mais”, disse o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez de Castro Oliveira.
Esse componente demográfico masculino acentua a maioria de mulheres na população. Segundo a projeção, o excedente feminino atual de 3,4 milhões vai dobrar até 2050, quando haverá 93,9 homens para cada 100 mulheres. Atualmente essa relação é de 96,4 para cada 100.
A projeção mostra ainda que o Brasil avançará mais rapidamente na redução da mortalidade infantil. O País poderá atingir até 2020 o indicador de 15,3 mortos por 100 mil nascidos vivos. Essa é uma das oito metas do milênio, oficializadas por vários países perante as Nações Unidas para serem cumpridas até 2015. Atualmente, essa taxa é de 23,3 por 100 mil. Em 2050, deve cair para 6,4. Numa projeção mais longa, se estabilizaria em 3,3 a partir da década de 2080.

domingo, 23 de novembro de 2008

A CRISE DO BRASIL COM O EQUADOR !

O que irrita Lula é o fato de que o seu governo tratou Correa - e todos os demais governantes sul-americanos, de direita, de esquerda, de centro, de centro-esquerda- com o máximo de atenção, cortesia e disposição para ouvir queixas e tentar resolvê-las. A atenção e a cortesia foram ainda maiores para com presidentes de países mais pobres (Bolívia, principalmente). "Se um governo amigo nos trata dessa maneira, como seria o comportamento de um governo inimigo, se o tivéssemos?" – indaga Marco Aurélio.
A reportagem é de Clóvis Rossi e publicada na Folha de S.Paulo, 22-11-2008.
Era uma vez um tempo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silvia dizia: "Se eu não briguei com o Bush, não vou brigar com ninguém". Esse tempo acabou ontem, no momento em que Lula instruiu o chanceler Celso Amorim a chamar para consultas o embaixador brasileiro em Quito, Antonino Marques Porto, no que equivale, para usar a linguagem do próprio presidente, a brigar com Rafael Correa, o presidente equatoriano.
Não deixa de ser uma ironia que o presidente que não brigou com Bush, teoricamente seu antípoda ideológico, entre em conflito justamente com um mandatário com o qual tem afinidades ideológicas, na medida em que Correa faz parte da leva de governantes de esquerda/centro-esquerda que se elegeram na América do Sul neste século, ainda que a maioria deles tenha adotado políticas que só uma licença poética poderia chamar de esquerdistas.
Mas a divergência com Correa não é de conteúdo, é de forma. Traduzindo: o governo brasileiro não questiona o direito de Correa de contestar o empréstimo de US$ 243 milhões contraído no BNDES - o motivo da "briga".Mas diverge radicalmente da forma como foi feita a operação. Correa não teve a delicadeza básica de telefonar para Lula ou para o Ministério brasileiro das Relações Exteriores para consultar ou, pelo menos, avisar que estava recorrendo à arbitragem internacional para tentar não pagar o empréstimo.
"Os telefones em Quito funcionam", ironiza, por exemplo, Marco Aurélio Garcia, o assessor internacional do presidente Lula e interlocutor assíduo dos governantes sul-americanos.
Em outra moeda
O que irrita Lula é o fato de que o seu governo tratou Correa - e todos os demais governantes sul-americanos, de direita, de esquerda, de centro, de centro-esquerda- com o máximo de atenção, cortesia e disposição para ouvir queixas e tentar resolvê-las. A atenção e a cortesia foram ainda maiores para com presidentes de países mais pobres (Bolívia, principalmente). "Se um governo amigo nos trata dessa maneira, como seria o comportamento de um governo inimigo, se o tivéssemos?" - indaga Marco Aurélio.
O antecedente mais próximo da situação agora criada com o Equador foi a nacionalização do gás na Bolívia, pouco depois da posse de Evo Morales. Não pela nacionalização em si, que Lula disse ter entendido perfeitamente, mas pela maneira como Morales se comportou em seguida: deu uma entrevista coletiva em Viena, à margem da cúpula União Européia-América Latina e Caribe, para criticar duramente o Brasil e a Petrobras, enquanto Lula viajava de Brasília para Viena.
O presidente brasileiro, antes de responder, pediu a fita da entrevista, para não basear-se em interpretações dos jornalistas. Quando se encontrou com o colega boliviano, no dia seguinte, avisou: "Não ponha uma espada na minha cabeça para negociar".
Evo Morales pôs a espada de lado, embora as divergências Brasil/Bolívia continuem em muitos pontos, mas todos sendo tratados em negociações nas quais o governo brasileiro não tem sido surpreendido, ao contrário do que ocorreu com Rafael Correa agora. Exatamente pela falta de antecedentes, é difícil antecipar o que acontece agora que Lula resolveu "brigar" pela primeira vez em seus praticamente seis anos de governo.
Mas, no governo brasileiro, o que se diz é que a bola está com Correa. Cabe a ele o próximo gesto, se de apaziguamento ou de radicalização.
Ao chamar o embaixador em Quito a Brasília para consultas, Lula está implicitamente avisando que está pronto para radicalizar também, contrariando o estilo "paz e amor", que adotou para vencer a eleição em 2002 e ampliou para as relações internacionais.

Correa, de acordo com assessores de Lula, afirmou no telefonema "lamentar profundamente" o fato de que suas ações e declarações possam ter trazido "ruído" ou "desentendimento" nas relações entre os dois países. O equatoriano não pediu desculpas, nem sinalizou recuo, mas terminou a conversa com elogios a Lula.
A reportagem é de Letícia Sander e Fabiano Maisonnave e publicada no jornal Folha de S.Paulo, 23-11-2008.
O presidente do Equador, Rafael Correa, telefonou na manhã de ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa de evitar desgaste ainda maior na relação entre os dois países, aprofundado com a decisão de Quito de recorrer a uma corte internacional para suspender o pagamento de uma dívida de US$ 243 milhões com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A conversa, segundo avaliação de integrantes do governo brasileiro, não foi produtiva. Lula demonstrou "profunda insatisfação" com a forma e o conteúdo da atitude de Correa e avisou que ouvirá o embaixador Antonino Marques Porto, chefe do corpo diplomático do Brasil em Quito, e o próprio BNDES antes de tomar uma decisão sobre o contencioso.
Disse ainda que sua resposta será comunicada pelas vias diplomáticas. Correa, de acordo com assessores de Lula, afirmou no telefonema "lamentar profundamente" o fato de que suas ações e declarações possam ter trazido "ruído" ou "desentendimento" nas relações entre os dois países. O equatoriano não pediu desculpas, nem sinalizou recuo, mas terminou a conversa com elogios a Lula. Disse que o brasileiro é uma referência para a geração dele, e que tem admiração pelo petista.
O gesto não convenceu Lula. De acordo com assessores, o brasileiro deixou claro no telefonema que a conversa não colocava fim à crise. Lula ficou especialmente irritado com a forma com que Correa anunciou o recurso à corte internacional, num evento público, sem prévia consulta nem notificação ao governo brasileiro, apesar de recentemente os dois dirigentes terem se encontrado. Interlocutores de Lula disseram que a conversa não foi tensa nem antipática, mas não houve avanço. Desde sexta Correa tentava o contato, mas o telefonema só ocorreu às 10h.Incompreensível
Pouco depois da conversa, Correa classificou a retirada do embaixador "incompreensível" e "lamentável", já que o recurso à arbitragem internacional está previsto no contrato e, portanto, deveria ser considerado uma questão comercial.
"Se querem converter um problema comercial e financeiro num incidente diplomático, isso é responsabilidade exclusiva do Brasil. Sempre teremos os braços abertos para o embaixador do Brasil, para o povo do Brasil e para o querido presidente Lula da Silva", disse, em seu programa semanal via rádio, TV e internet. O equatoriano disse que o problema começou com a Odebrecht, "que, quanto mais cavamos, mais cheira mal. E também tem a ver com o financiamento para esse crédito."
"O que fez Equador? (...) Pela primeira vez, não é uma empresa privada que recorre à arbitragem, mas nós recorremos à arbitragem contra a empresa e a financiadora, que é o BNDES. Como diz o contrato."
Sobre o telefonema, Correa relatou ter dito ao colega brasileiro que "respeitamos, mas não concordamos [com a decisão]". "Não desistiremos de seguir defendendo os interesses do país, custe o que custar."Anteontem, o governo brasileiro anunciou a convocação para consultas do embaixador do Brasil em Quito, medida considerada hostil na diplomacia. O chanceler Celso Amorim deixou claro que o gesto representava um protesto do Brasil pela decisão unilateral de Correa de ir à Corte Internacional de Arbitragem de Paris para suspensão do pagamento da dívida com o BNDES.
O empréstimo foi concedido pelo banco para a construção da hidrelétrica San Francisco, obra da brasileira Odebrecht contratada pelo governo equatoriano e paralisada no primeiro ano de operação devido a problemas estruturais. Irritado com o impasse nas negociações sobre a responsabilidade dos problemas na usina, Correa rescindiu os quatro contratos da empresa em execução no país, alegando irregularidades.
Anteontem, Amorim sinalizou que todos os acordos de cooperação bilateral poderão ser afetados, como retaliação.

O presidente do Equador, Rafael Correa, recebeu nesta quinta-feira uma auditoria internacional sobre a dívida pública do país e afirmou que irá procurar “não apenas sancionar os culpados, mas também não pagar a dívida ilegítima, ilegal e corrupta”. O relatório é “contundente” e lhe permitirá tomar decisões “no futuro”, assinalou. A reportagem é de Néstor Restivo e publicada no jornal argentino Clarín, 21-11-2008.

A tradução é do Cepat.
Este jornal adiantou que a auditoria, da Comissão para a Auditoria Integral do Crédito Público (CAIC), detectou várias irregularidades. Há uma semana, valendo-se de um período de carência até o dia 15 de dezembro, Correa postergou o pagamento dos juros de um bônus até ter dados sobre a sua legalidade.
A criação da CAIC foi uma das primeiras medidas tomadas por Correa ao assumir o cargo em 2007, que, passados três meses, disse que não pagaria o que não devia. Como em toda a América Latina, a dívida significou uma constante sangria de divisas e impedimentos para o desenvolvimento.
Segundo o economista Alberto Acosta, da FLACSO e ex-ministro de Correa, entre 1982 e 2000, quando em meio a uma grande crise o país decidiu dolarizar a sua economia, o Equador pagou 76 bilhões de dólares em capital e juros e recebeu desembolsos de 66 bilhões de dólares, o que resultou num saldo negativo de 10 bilhões de dólares. Hoje, deve 13 bilhões de dólares entre bônus, dívida bilateral, interna e a organismos.
O argentino Federico Sturzenegger, por sua vez, contou que o Equador já deu seis vezes o calote da dívida. Mas hoje não há calote, mas um impasse até ver a auditoria, esclareceu a ministra da Economia, Maria Viteri.
A CAIC calcula que 3,860 bilhões de dólares, correspondentes aos Bônus Global 2012, 2015 e 2030, estão mal computados. São títulos que vencem por estes anos e que substituíram os Bônus Brady.
Correa juntou reservas em divisas que equivalem a mais de 50% da dívida e baixou esta para 25% do PIB (chegou a 100%, nos anos 90), mas mesmo assim continua sendo alta, mais ainda num contexto de queda dos preços do petróleo e de diminuição das remessas de emigrados, duas importantes fontes do país para sustentar a dolarização.
Quatro argentinos fizeram parte da CAIC: Miguel Espeche Gil, Salvador María Lozada, Alejandro Olmos, cujo pai homônimo investigou a ilegalidade da dívida externa argentina, comprovada mas prescrita, e Alfredo Carella.
Espeche Gil disse ao Clarín: “Houve assentos duplos, pagamento de dívidas vencidas (diziam que deviam ser pagas do mesmo jeito para não perturbar as negociações), estatização de dívidas privadas, como na Argentina em 1982, e renúncia explícita para defender interesses nacionais: há contratos que não seriam válidos em nenhum país, menos ainda nos Estados Unidos”.
No processo estudado, desde a ditadura de 1972 até 2006, houve picos de alta na dívida nos mandados de Febres Cordero, Sixto Durán e Jamil Mahuad. Na Comissão, que contou com o apoio de juristas europeus e latino-americanos, esteve Eric Toussaint, do Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo.
Toussaint declarou: “Não apenas a dos bônus: a dívida com organismos como o Banco Mundial é ilegal. Correa poderia declarar em ato soberano a nulidade da dívida ou ajuizá-la e pedir que uma corte a investigue. Há mais de 50 ex-funcionários responsáveis”.
Nesta quinta-feira, Correa apontou ex-funcionários, mas também falou de responsabilidades dos Bancos Salomon Smith Barney e J.P. Morgan (que elabora o índice EMBI de “risco país”). E disse que pediria à ONU a formação de um tribunal de arbitragem.
O chefe da CAIC, Ricardo Patiño, não descartou uma renegociação com os credores. E disse à agência Reuters que uma quitação de 60% – como havia dito em 2007 – agora é “insuficiente”.
Os mercados voltaram a castigar os bônus equatorianos. O Global 2012 baixou para 24 centavos (em setembro valia 95 centavos) e seu juro subiu 70% em decorrência do risco. Na semana passada, as agências de classificação Standard & Poor’s e Moody’s baixaram a nota do Equador para seus clientes.
“Pagar ou não pagar é uma decisão mais política que econômica”, disse em Quito o broker Jorge Cherrez, do IB Corp. Em abril de 2009 haverá eleições, estipuladas pela nova Constituição, e Correa concorrerá à reeleição e procurará “dar sinais num momento de crise, mas no final das contas pagará”, opinou Pablo Dávalos, ex-vice-ministro da Economia ligado ao movimento indigenista, crítico de Correa.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O BRASIL TERA 254 MILHÕES DE HABITANTES EM 2050 !

Daqui a 42 anos o Brasil abrigará 254,1 milhões de habitantes, 60 milhões a mais do que a população atual do país. De acordo com dados do Fundo da ONU para a População, atualmente, com um total de 194,2 milhões de pessoas, a nação brasileira já ocupa a quinta posição entre as maiores do mundo em termos demográficos. Somente China, Índia, Estados Unidos e Indonésia têm populações que ultrapassam a do Brasil, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Mas, segundo o levantamento, o Brasil deve perder posições no ranking, tornando-se apenas o sétimo maior, ao lado de Bangladesh. O quinto lugar passa a ser do Paquistão e o sexto, da Nigéria. O relatório informou ainda que, até 2010, a taxa de crescimento da população brasileira será de 1,3% ao ano - número pouco maior do que a média mundial e menor do que as previsões para os demais emergentes.
O mundo em 2050 também vai crescer. Segundo a ONU, a população mundial passará dos atuais 6,74 bilhões de pessoas para 9,19 bilhões. Assim, a China perderá o posto de país mais populoso para a Índia, que terá 1,6 bilhão de pessoas em vez dos 1,1 bilhão atuais.
Os continentes que mais devem crescer são a Ásia e a África. No total, a Ásia ganhará 1,2 bilhão de novos habitantes e a África dobrará de tamanho, passando de 987 milhões para 1,99 bilhão, em 2050.
Enquanto os países asiáticos e africanos registram um crescimento acelerado, os países europeus terão uma taxa negativa. Em 40 anos, o número passará de 731 milhões de pessoas para 644 milhões. A Alemanha ficará com 6 milhões de pessoas a menos, registrando uma população total de 74 milhões em 2040.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE ELEITO BARACK OBAMA !

Acredito que muita gente neste MUNDO, gostaria de escrever uma CARTA ABERTA ao Presidente eleito dos EUA : Barack Obama !
Abaixo, uma destas cartas boas de se ler !

Carta aberta ao presidente eleito Barack Obama, de John A. Allen Jr.

"Apenas a título de informação, ninguém da equipe de transição de Obama solicitou a minha opinião sobre as relações com o Vaticano, e eu ficaria francamente surpreso se a questão já estivesse na tela do seu radar. Outros, entretanto, já estão especulando a respeito de como as coisas vão se ajeitar. Na quarta-feira, por exemplo, a Reuters mostrou uma reportagem predizendo uma relação 'enganosa' entre Roma e a Casa Branca de Obama por causa da questão do aborto. Como um exercício de raciocínio, eu decidi colocar no papel uma carta ao presidente eleito sobre os laços entre os EUA e o Vaticano para os próximos quatro anos".
O texto foi escrito por John A. Allen Jr., do National Catholic Reporter, 07-11-2008.

A tradução é de Moisés Sbardelotto.
* * * * *
Sr. Presidente eleito:
Esta carta é um pretexto para tornar as relações EUA-Vaticano, em sua administração, uma prioridade, em razão do enorme bem no mundo que pode ser realizado ao se explorar áreas naturais de interesse comum.
Eu estou ciente de que os astros podem não estão especificamente bem alinhados para tal colaboração. Um pequeno número de bispos católicos nos Estados Unidos fez afirmações durante a campanha que favoreceram seu oponente, o que pode ter deixado um pouco de gosto ruim entre alguns de seus apoiadores ou conselheiros. É também claro para todos que, excetuando uma dramática mudança de coração de sua parte, a Casa Branca e o Vaticano terão profundas diferenças durante o seu mandato sobre “assuntos de vida”, como o aborto e a pesquisa com células-tronco.
Eu gostaria de provocá-lo, entretanto, a não permitir que esses pontos obscureçam quatro realidades políticas básicas.
Primeiro, o Vaticano e os Estados Unidos precisam um do outro, independentemente de quais são suas diferenças em um dado momento histórico. O que os Estados Unidos são no campo do “poder duro”, isto é, na força militar e econômica coercivas, o Vaticano é em termos de “poder suave”, no sentido da capacidade de movimentar ações com base nas idéias. A religião é uma força motivadora poderosa nos afazeres humanos, e o papa tem o maior e mais potente púlpito do que qualquer outro líder religioso. É simplesmente ruim para todos se essas duas forças não dialogam em bons termos.
Segundo, é uma política inteligente para o senhor não negligenciar o Vaticano. Como o senhor sabe, em certa medida, a sua campanha de reeleição em 2012 já começou. O senhor venceu o voto católico em toda a parte desta vez, mas perdeu por pouco os católicos brancos. Trabalhar cooperativa e respeitosamente com o Vaticano pode ajudar o senhor e o seu partido com aquele grupo.
Terceiro, o Vaticano tem uma secular tradução diplomática de lidar com governos que, de uma forma ou outra, não seguem a linha da igreja sobre certos assuntos. Apesar desses desacordos, a diplomacia do Vaticano caracteristicamente se esforça por manter linhas abertas de comunicação e por buscar interesses comuns. Em outras palavras, eles desejarão negociar com o senhor onde eles puderem.
Quarto, o Vaticano está ansioso por boas relações com os Estados Unidos em particular, independentemente de qual partido esteja no poder. O Vaticano admira profundamente a robusta religiosidade dos Estados Unidos, em contraste com o secularismo difundido em boa parte da Europa. O Vaticano também acredita que os Estados Unidos são o seu aliado mais natural na promoção da liberdade religiosa e da dignidade humano em todo o mundo.
O potencial de colaboração é muito real, porque há numerosas áreas em que as suas posições políticas são compatíveis com o ensino social da igreja católica e os interesses diplomáticos do Vaticano. Entre os exemplos mais óbvios, estão a imigração, a justiça econômica, a paz e a proteção do meio ambiente. Em uma declaração de felicitação ao senhor nesta semana, o porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, também expressou o desejo do Vaticano de trabalhar juntos no Iraque, na Terra Santa, com as minorias cristãs no Oriente Médio e na Ásia e de lutar contra a pobreza e a desigualdade social.
Em cada área, o senhor irá encontrar um claro histórico comprovado de ensinamento dos recentes papas e uma forte determinação de parte do aparato diplomático do Vaticano para avançar. De fato, muitos desses tópicos representam áreas em que o Vaticano estava em conflito com a administração Bush e ansiava por uma nova liderança norte-americana.
O próprio Papa Bento XVI abriu claramente a porta para uma relação de trabalho positiva.
O papa enviou um telegrama na quarta-feira chamando sua eleição de “uma ocasião histórica” e ofereceu suas orações para que Deus “apóie o senhor e o povo americano em seus esforços, junto a todos os homens e mulheres de boa vontade, para construir um mundo de paz, solidariedade e justiça”. Lombardi, do mesmo modo, expressou sua esperança de que o senhor “será capaz de unir as expectativas e as esperanças dirigidas ao novo presidente, servindo efetivamente à justiça e aos direitos, encontrando as melhores maneiras de promover a paz no mundo, favorecendo o crescimento e a dignidade das pessoas com respeito pelos valores humanos e espirituais essenciais”.
O senhor se dá conta de que nem o papa nem seu porta-voz mencionaram explicitamente o aborto ou outras áreas de discordância, e certamente o tom deles sugere que o interesse por “questões de vida” não irá excluir a cooperação em outras áreas. Pelo contrário, o Vaticano parece estar fazendo tudo o que pode para animá-la.
Posso sugerir mais uma possibilidade da parceria entre os EUA e o Vaticano? Eu acredito que há uma oportunidade histórica para a sua administração e a Santa Sé de trabalhar juntos para mover a comunidade internacional, o máximo possível, rumo ao engajamento em favor da paz e do desenvolvimento na África.
O senhor é um herói em grande parte da África, o que lhe concede um grau de capital político no continente com o qual nenhum outro líder ocidental pode concorrer. Ao mesmo tempo, 2009 está sendo planejado para ser o “Ano da África” para o catolicismo global. Ao longo dos próximos 12 meses, o Papa Bento XVI irá visitar Camarões e Angola; os bispos africanos irão realizar sua assembléia plenária em Roma; e os bispos de todo o mundo irão se encontrar em Roma para o “Sínodo da África”. Tudo isso apresenta a possibilidade de uma sinergia entre os líderes políticos e espirituais mais importantes do mundo – isto é, o senhor e o papa – para promover a paz e o desenvolvimento para a África, onde se encontram os povos mais empobrecidos e abandonados do mundo.
Se o senhor está interessado em moldar essa parceria, a escolha mais importante a se fazer é sobre quem enviar ao Vaticano como seu embaixador. Idealmente, o senhor irá se voltar para alguém que tenha a sua consideração, que terá influência política real em sua administração e que também conheça o mundo católico. O que o senhor está procurando, em outras palavras, é um democrata equivalente a James Nicholson, o primeiro embaixador no Vaticano do presidente Bush. Nicholson atuou como presidente do Comitê Republicano Nacional e ajudou a guiar o alcance do partido entre os eleitores católicos. Bush enviou um claro sinal de que, com essa nominação, ele estava interessado no Vaticano, e esse é um caso em que caberia ao senhor seguir sua liderança.
Finalmente, uma última parte de conselho não-solicitado: senhor Presidente eleito, independentemente do que mais o senhor faça, por favor, tente evitar repetir os erros da última administração democrata com relação ao Vaticano.
Em suas memórias, o ex-embaixador no Vaticano, Raymond Flynn, conta uma deprimente história de 1994 ilustrando o que eu digo. Durante o período preparatório à conferência da ONU sobre população, no Cairo, em 1994, o Papa João Paulo II convocou Flynn ao Vaticano em um sábado pela manhã para, pessoalmente, solicitar uma conversa telefônica com o presidente Clinton. Flynn transferiu a solicitação urgente para a Casa Branca naquela tarde e não obteve resposta. Ele telefonou de novo no domingo e na segunda-feira, em ambos os casos sem resultados. Frustrado, Flynn, então, tomou um avião para Washington na terça-feira. Ele tomou um chá de banco do lado de fora no gabinete do presidente naquela noite e em grande parte da quarta-feira. Finalmente, ele foi admitido à sala de discussão pré-Cairo da Casa Branca, onde foi avisado pelo secretário-assistente de Estado, Timothy Wirth, de que “ninguém tem a chance de fazer lobby sobre o presidente desta vez”. Estupefato, Flynn explicou que o Bispo de Roma não era um lobista e que seria visto como um profundo ato de desrespeito se o presidente nem ao menos falasse com ele pelo telefone. Depois de quase uma semana, Clinton finalmente concordou em atender a ligação papal.
O episódio foi sintomático de um desinteresse básico da equipe de Clinton sobre o Vaticano, que às vezes se transformava em hostilidade. O resultado foi que a relação EUA-Vaticano durante os anos Clinton foi mais freqüentemente definida por diferenças previsíveis do que por áreas construtivas de propósitos comuns. Se lhe interessar, senhor Presidente eleito, meu conselho é atender ao telefone se o papa ligar. Melhor ainda, comece o senhor mesmo a conversa. O senhor pode se surpreender com onde ela vai parar.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O MUNDO VIVE DOIS DRAMAS : A CRISE FINANCEIRA E A CLIMÁTICA !

Há 15 dias, a Agência Americana de Oceanos e Atmosfera soou o alarme: a temperatura no Ártico está 5°C acima da média, um recorde que demonstra uma forte diminuição do banco de gelo, provocada pelo aquecimento global. O fenômeno, divulgado em meio a crise econômica americana, preocupa o economista e cientista político alemão Elmar Altvater, de 70 anos. “Nenhum cientista imaginou aumento da temperatura nesse patamar. E todo mundo só fala da crise financeira”, lamenta. Segundo ele, “o fenômeno é tão terrível quanto a questão econômica e ninguém está dando atenção”, completa. Altvater está no Rio até amanhã para uma série de palestras.
A reportagem é de Márcia Vieira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 03-11-2008.
Não que a crise não seja preocupante. Mas o professor de ciência política da Universidade Livre de Berlim e autor do livro O fim do capitalismo como nós o conhecemos, lançado em 2006, ainda sem edição no Brasil, defende que os governos e a sociedade tenham a mesma atenção com a crise climática. Altvater prega uma mudança radical na produção econômica e no estilo de vida moderno para reverter o aquecimento global. “Não há dúvida que precisamos nos adaptar rápido a um novo tipo de vida. O mundo vive dois dramas: a crise financeira e a crise climática. As duas estão interligadas”, defende Altvater, um estudioso das relações entre economia e ecologia.
Ele defende um sistema de produção baseado no uso progressivo de energias alternativas, não poluentes, como a solar. “O que vai acontecer com o capitalismo depois desta crise ninguém sabe. Mas a única saída para a humanidade é o uso de energias renováveis.” O etanol é uma das possibilidades. Altvater compartilha a opinião de uma corrente de ambientalistas que ataca o uso do etanol porque as plantações de cana-de-açúcar, beterraba, milho e trigo roubam espaço da produção de alimentos.
“Se continuarmos com estilo de vida com base no carro, se nossa arquitetura não se adaptar ao clima de cada região e se não reduzirmos o uso de energia, nosso futuro não será bom. São mudanças que se fazem ao longo de 30 anos. Mas só depende de nós. Nós somos os arquitetos do nosso futuro.”