O Brasil vai ultrapassar a marca de 200 milhões de habitantes em 2015, mas a população brasileira vai começar a diminuir a partir da virada da década de 2030 para a de 2040. É o que mostra a mais recente revisão da Projeção da População, divulgada ontem pelo IBGE.
A reportagem é de Alexandre Rodrigues e Alexandre Gonçalves e publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 28-11-2008.
A última estimativa feita pelo instituto, em 2004, já previa um crescimento desacelerado da população, mas a perspectiva era de que os brasileiros somariam 260 milhões em 2050. Novos dados que indicaram queda maior na fecundidade, acentuados pela tendência de alta da expectativa de vida do brasileiro, levaram o IBGE a concluir agora que, em 42 anos, a população brasileira será de 215,2 milhões, já decrescendo.
O estudo inova ao indicar que a curva da evolução demográfica brasileira vai começar a cair a partir de 2039, quando o País atingirá o pico de 219.124.700 habitantes. Naquele ano acontecerá o que os demógrafos chamam de “crescimento zero”. A partir de 2040, esse número vai cair para 219.075.130, num sinal da superação dos nascimentos pelo número de mortes. A tendência declinante continua até 2050, quando seremos 215.287.463 brasileiros.
A queda da taxa de evolução demográfica que vai levar ao crescimento negativo da população é fruto da redução ainda mais acentuada do número de filhos por mulher. Em 2004, acreditava-se que a média ficaria em 1,85 por mulher em 2050. Mas dados mais recentes do IBGE indicaram que a taxa de fecundidade atual de 1,86 vai cair ainda mais e se estabilizar em 1,5 filho por mulher a partir de 2028.
Ubaldina Oliveira teve 11 irmãos, 3 filhas e, agora, só há uma criança na família: a neta Letícia. Ela avalia que a principal razão para a queda na taxa de natalidade são as exigências da profissão, especialmente sobre a mulher. Mas lamenta o envelhecimento da família. “Uma casa com crianças tem muito trabalho, mas também muita alegria”, afirma. “Nossos jovens de amanhã estão desaparecendo.”
O aumento da expectativa de vida e o conseqüente envelhecimento da população elevará a taxa de óbitos. O Brasil tem hoje 189,6 milhões de habitantes. Se a média do crescimento da população tivesse se mantido nos patamares da década de 1950, teríamos hoje 105 milhões de brasileiros a mais. Isso não aconteceu porque a taxa de crescimento, que vem caindo nas últimas décadas e atualmente está em torno de 1,21%, será de aproximadamente -0,25% em 2050.
Os dados projetam alterações significativas na pirâmide etária do Brasil, que se aproxima com velocidade do perfil dos países desenvolvidos (mais informações nesta página).
Outro fator que influencia a redução do ritmo de crescimento da população é o aprofundamento das taxas de mortalidade entre homens jovens. Em 2000, a chance de morte de um homem entre 20 e 24 anos era 4 vezes maior do que a de uma mulher na mesma faixa. Essa proporção pode ultrapassar 5,5 vezes.
Os números mostram a alta exposição desse grupo a causas fatais externas, como violência urbana e acidentes de trânsito. “Sem esse fato, a expectativa de vida do homem brasileiro poderia ser de 2 ou 3 anos a mais”, disse o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez de Castro Oliveira.
Esse componente demográfico masculino acentua a maioria de mulheres na população. Segundo a projeção, o excedente feminino atual de 3,4 milhões vai dobrar até 2050, quando haverá 93,9 homens para cada 100 mulheres. Atualmente essa relação é de 96,4 para cada 100.
A projeção mostra ainda que o Brasil avançará mais rapidamente na redução da mortalidade infantil. O País poderá atingir até 2020 o indicador de 15,3 mortos por 100 mil nascidos vivos. Essa é uma das oito metas do milênio, oficializadas por vários países perante as Nações Unidas para serem cumpridas até 2015. Atualmente, essa taxa é de 23,3 por 100 mil. Em 2050, deve cair para 6,4. Numa projeção mais longa, se estabilizaria em 3,3 a partir da década de 2080.
A reportagem é de Alexandre Rodrigues e Alexandre Gonçalves e publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 28-11-2008.
A última estimativa feita pelo instituto, em 2004, já previa um crescimento desacelerado da população, mas a perspectiva era de que os brasileiros somariam 260 milhões em 2050. Novos dados que indicaram queda maior na fecundidade, acentuados pela tendência de alta da expectativa de vida do brasileiro, levaram o IBGE a concluir agora que, em 42 anos, a população brasileira será de 215,2 milhões, já decrescendo.
O estudo inova ao indicar que a curva da evolução demográfica brasileira vai começar a cair a partir de 2039, quando o País atingirá o pico de 219.124.700 habitantes. Naquele ano acontecerá o que os demógrafos chamam de “crescimento zero”. A partir de 2040, esse número vai cair para 219.075.130, num sinal da superação dos nascimentos pelo número de mortes. A tendência declinante continua até 2050, quando seremos 215.287.463 brasileiros.
A queda da taxa de evolução demográfica que vai levar ao crescimento negativo da população é fruto da redução ainda mais acentuada do número de filhos por mulher. Em 2004, acreditava-se que a média ficaria em 1,85 por mulher em 2050. Mas dados mais recentes do IBGE indicaram que a taxa de fecundidade atual de 1,86 vai cair ainda mais e se estabilizar em 1,5 filho por mulher a partir de 2028.
Ubaldina Oliveira teve 11 irmãos, 3 filhas e, agora, só há uma criança na família: a neta Letícia. Ela avalia que a principal razão para a queda na taxa de natalidade são as exigências da profissão, especialmente sobre a mulher. Mas lamenta o envelhecimento da família. “Uma casa com crianças tem muito trabalho, mas também muita alegria”, afirma. “Nossos jovens de amanhã estão desaparecendo.”
O aumento da expectativa de vida e o conseqüente envelhecimento da população elevará a taxa de óbitos. O Brasil tem hoje 189,6 milhões de habitantes. Se a média do crescimento da população tivesse se mantido nos patamares da década de 1950, teríamos hoje 105 milhões de brasileiros a mais. Isso não aconteceu porque a taxa de crescimento, que vem caindo nas últimas décadas e atualmente está em torno de 1,21%, será de aproximadamente -0,25% em 2050.
Os dados projetam alterações significativas na pirâmide etária do Brasil, que se aproxima com velocidade do perfil dos países desenvolvidos (mais informações nesta página).
Outro fator que influencia a redução do ritmo de crescimento da população é o aprofundamento das taxas de mortalidade entre homens jovens. Em 2000, a chance de morte de um homem entre 20 e 24 anos era 4 vezes maior do que a de uma mulher na mesma faixa. Essa proporção pode ultrapassar 5,5 vezes.
Os números mostram a alta exposição desse grupo a causas fatais externas, como violência urbana e acidentes de trânsito. “Sem esse fato, a expectativa de vida do homem brasileiro poderia ser de 2 ou 3 anos a mais”, disse o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez de Castro Oliveira.
Esse componente demográfico masculino acentua a maioria de mulheres na população. Segundo a projeção, o excedente feminino atual de 3,4 milhões vai dobrar até 2050, quando haverá 93,9 homens para cada 100 mulheres. Atualmente essa relação é de 96,4 para cada 100.
A projeção mostra ainda que o Brasil avançará mais rapidamente na redução da mortalidade infantil. O País poderá atingir até 2020 o indicador de 15,3 mortos por 100 mil nascidos vivos. Essa é uma das oito metas do milênio, oficializadas por vários países perante as Nações Unidas para serem cumpridas até 2015. Atualmente, essa taxa é de 23,3 por 100 mil. Em 2050, deve cair para 6,4. Numa projeção mais longa, se estabilizaria em 3,3 a partir da década de 2080.
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